18/08/2008

O Alarde dos Transgênicos


As décadas de 1970 e de 1980 marcaram as grandes transformações por que passaria a biologia com as descobertas da organização do funcionamento e da variação do material genético dos seres vivos.Desse conhecimento decorreram tecnologias que permitiram, a partir de organismos diferentes, novas combinações, em laboratório, de material genético estabelecendo-se, assim, um princípio de intervenção humana capaz de, pela substituição das fronteiras naturais entre variedades de espécies e, potencialmente entre as próprias espécies, estabelecer fronteiras tecnológicas tendentes mais à uniformidade do que à biodiversidade característica do planeta.
O assunto é tratado na ciência de forma polêmica por isso cito aqui os argumentos a favor e contra:

Argumentos a Favor do Cultivo:

Os alimentos transgênicos encontraram muitos defensores, desde que começou essa discussão. Entre os argumentos, estão:
A produção dos alimentos transgênicos em larga escala beneficia o consumo humano, pois é menos onerosa e isso a tornaria acessível a toda a população.
A manipulação genética de plantas é relativamente simples e fácil, pois a partir de uma única célula se pode obter outra planta (Amabis).
As propriedades dos genes bacterianos de resistência a pragas na lavoura seriam transportadas para as plantas transgênicas, com o mesmo efeito, e isso viria a baratear o custo dos alimentos.
Uma das esperanças dos cientistas, diz Amabis, é a de que as variedades produzidas adquiram a capacidade de fixar o nitrogênio diretamente do ar, como fazem as bactérias e algumas leguminosas, e para isso eles consideram que a produção agrícola fica limitada justamente pela disponibilidade de nitrogênio no solo.
Uma planta com maior teor de nutrientes pode saciar a fome e trazer benefícios à saúde.
Alguns alimentos tiveram comprovados certos benefícios, com alto teor de vitaminas. Por exemplo, em 1997, segundo a Cronologia dos Transgênicos publicada na Folha de São Paulo, uma instituição americana, a Sustainabele Maize and Wheat Systems for the Poor (Sistemas Sustentáveis de Milho e Trigo para Pobres), desenvolveu um milho híbrido mais rico em vitamina A, zinco e ferro.
A produção de um alimento transgênico permite introduzir, nesse alimento, elementos que antes não existiam como o betacaroteno (da vitamina A), tornando-o mais rico e saudável.

Engrossando a fila dos argumentos positivos, ainda segundo a Folha de São Paulo, em 1999 a Embrapa desenvolveu um tipo de feijão resistente ao vírus responsável por perdas de até 100% das plantas durante o cultivo.
Nos anos 60, durante a Revolução Verde, um pesquisador norte-americano contribuiu no desenvolvimento de variedades de trigo que permitiram triplicar sua produção e saciar a fome de milhares de pessoas, obtendo com isso o Prêmio Nobel

Argumentos Contra o Cultivo

Os transgênicos representam um aumento de riscos para a saúde dos consumidores e as multinacionais querem negar o direito dos consumidores à informação.
Não há regulamentos técnicos para a segurança no uso dos produtos transgênicos, e estes tendem a provocar a perda da diversidade genética na agricultura.
A erosão genética ameaça o futuro da agricultura e os transgênicos tornam a agricultura mais arriscada, podendo provocar a poluição genética e o surgimento de superpragas, além de matar insetos benéficos para a agricultura.
Os transgênicos podem afetar a vida microbiana no solo e os impactos dos transgênicos na natureza são irreversíveis.
Umas poucas multinacionais podem monopolizar a produção de sementes para a agricultura, tornando agricultores brasileiros e o Brasil dependentes de seus interesses.
As variedades transgênicas não são mais produtivas do que as convencionais ou muitas das tradicionais.
Os transgênicos podem aumentar o desemprego e a exclusão social no Brasil e representam um risco para a segurança alimentar dos brasileiros.
Não existem conhecimentos científicos sobre os impactos do uso de transgênicos no meio ambiente ou na saúde humana para a realidade brasileira.


O Brasil e os Transgênicos
Por ter cultivado mais o alimento orgânico até agora, como, por exemplo, a soja, o Brasil vem crescendo no mercado de exportações, segundo dados da Folha, sinal de que os outros países ainda não aderiram totalmente aos alimentos transgênicos. A alegação de alguns países é a de que a disseminação dos transgênicos pode vir a se mostrar predatória em certo sentido.
"Mas a agricultura é, em si, uma atividade predatória", afirma o biólogo Adilson Leite, da Unicamp. "Os transgênicos nos permitem aumentar a produtividade sem aumentar a área cultivada, o que é bom para o ambiente".
Não se pode perder de vista, porém, que o Brasil tem cerca de 8.511.965 Km2 de extensão e que muita terra ainda se encontra improdutiva, ou seja, ainda que a população brasileira venha a duplicar-se, sobra muito espaço para o plantio, se espaço de terra for a principal condição para se ter o alimento na mesa do brasileiro. É importante acompanhar de perto a questão dos alimentos transgênicos, pois o simples rótulo na embalagem só indica a presença ou não desse alimento, mas não indica o que mais pode estar ali contido ou o que isso significa para nossa saúde.

Conclui-se
Apesar dos possíveis riscos para o meio ambiente e para saúde humana, a pior conseqüência é de ordem econômica, pois se há uma plantação de soja que exige um tipo específico de inseticida que só é fabricado por uma única empresa, fica evidente que se criou um privilégio econômico que se configura como um "beco sem saída", ao beneficiar apenas aquela empresa, que por sua vez terá todos dependentes dela.
Assim como os cientistas estão divididos em pró e contra os transgênicos, nós, as pessoas comuns, devemos ficar atentos pois podemos ser induzidos a comer coisas que não sabemos se poderão nos dar mais vida ou se provocarão doenças até a morte.
Por isso é interessante lembrar o relatório da BRITISH MEDIICAL ASSOCIATION sobre os impactos e riscos dos alimentos transgênicos, que se resumem no seguinte “nada na vida é livre de riscos”.
Deve-se, portanto, agir cautelosamente e desenvolver programas sistemáticos de pesquisa para aumentar a compreensão sobre o assunto.

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